quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mudanças nos media

No universo da informação deu-se recentemente uma mudança fundamental. Essa mudança teve que ver com o aparecimento da Internet, que introduziu nesta área, regras novas e novos modos de funcionamento.
Antes da Internet aparecer, existia sempre um filtro entre quem produzia a informação e quem a consumia. Nos jornais, nas rádios e nas estações de televisão existia, entre o jornalista que redigia a notícia e o público, uma cadeia hierárquica que avaliava a qualidade do texto, a sua veracidade, o seu respeito por princípios éticos e deontológicos.
Na Internet, isso não existe. Nos “sites” pessoais ou nos “blogs”, a noticia passa directamente das mãos de quem a escreve para quem a lê. Não existe qualquer filtro que evite excessos ou imponha o respeito por certas regras. Todos os disparates, mentiras, ataques pessoais, vinganças, difamações são possíveis.
Claro que isto não teria grande importância se se circunscrevesse ao universo da Internet, só que a Internet começou a contagiar os outros media. A partir do momento em que uma notícia aparece num “site” ou num “blog”, dá-se por vezes início a um processo diabólico. Os jornais tablóides, que antes não admitiam ponderar sequer a publicação de determinada notícia sentem-se protegidos pela sua divulgação na Internet e fazem manchete com ela. Atrás dos tablóides vêm as televisões. E atrás das televisões vêm os jornais chamados “de referência”. Que critérios regem este processo? Nenhuns.
Assim, chegamos a um paradoxo: a liberdade de imprensa, sem a qual não existe democracia, começa a ameaçar a convivência democrática e a existência cultural.
Uma questão de fundo está latente em toda a problemática analisada: qual a função, papel e responsabilidade dos media na nossa sociedade?
Não podem esquecer que existem regras e princípios básicos cuja preservação se afigura essencial para que a comunicação não se transforme noutra coisa qualquer ou numa mistura de outras coisas (espectáculo, publicidade, ficção, divertimento, propaganda…) e que procure pelo contrário ser um elemento essencial para a construção e funcionamento da democracia assente em bens culturais.

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