terça-feira, 14 de outubro de 2008

Alterações empresariais: alguns exemplos

Um relatório da autoria de Thomas Patterson, Professor de Harvard demonstra que os géneros noticiosos mais leves e sensacionalistas aumentaram bastante nas últimas décadas. As notícias que não tenham por referente um conteúdo público aumentaram de menos de 35% de todas as histórias publicadas nas principais cadeias televisivas americanas para mais de 50%. No mesmo universo, peças com um grau moderado ou elevado de sensacionalismo cresceram desde de cerca de 25% nos anos 80 para cerca de 40%. Peças que incluam interesse humano também aumentaram de importância, passando de cerca de 11% nos anos 80 % para mais de 26% dos relatos noticiosos actuais. As peças que dizem respeito a crime ou a desastre, cresceram de 8% para 15%. (Gans, 2003: p. 21, 23, 28 e seguintes).
Se tivermos em conta que esta tendência se verificou nas cadeias americanas já de si assentes no modelo comercial de televisão, e, se tivermos em conta a comparativa juventude do modelo concorrencial de Televisão em Portugal compreendemos que esta alteração seja ainda mais consistente e acentuada no caso português. A título de exemplo, veja-se o caso recente de Maddie McCann sobre o qual na Televisão portuguesa, no decurso do mês de Maio de 2007 foram produzidas 747 peças, num total de 41 horas, 43 minutos e 7 segundos, divididos pelo canal público RTP e pelos canais privados SIC e TVI da seguinte forma: RTP, 216 peças, 11: 27”: 11’; SIC, 284 peças, num total de 18: 40”: 02’ e TVI, 247 peças ao longo de 11: 35”: 45’.

Contextos de mudança III (Síntese da aula anterior)

Verificou-se uma grande transformação ao nível empresarial. A estrutura relativamente disseminada de propriedade dos meios foi dando lugar, sobretudo após os anos oitenta do século passado, a grandes conglomerados mediáticos regionais, nacionais e internacionais, por vezes integrantes de grupos que aliam a produção de conteúdos para rádio, imprensa, televisão e Internet aos meios para processamento da informação (informática...) e aos meios de difusão (telecomunicações, indústrias gráficas, distribuição cinematográfica...). A concentração da propriedade dos media é problemática por várias razões: pode ameaçar o pluralismo jornalístico; impõe um aproveitamento de sinergias que uniformiza e reduz os conteúdos; diminui o número de empregos jornalísticos; e reduz o número de potenciais empregadores de um jornalista descontente ou que tenha sido despedido, o que potencia fenómenos de auto-censura e uma maior sujeição dos jornalistas às directrizes da cúpula empresarial, quer em matéria de conteúdos quer de políticas de gestão dos recursos humanos. Desde os anos 80 que se verifica a reentrada em cena dos grandes grupos económicos, gerando uma grande actividade financeira traduzida por fusões e aquisições e cruzamentos de acções. A questão foi analisada minuciosamente do ponto de vista das consequências da concentração de capital na gestão das organizações mediáticas e, por conseguinte, da sua repercussão editorial. Determinou-se que, no caso dos jornais, as pressões económicas significavam:menos espaço para as notícias em detrimento da publicidade; menos recurso humanos em termos de jornalistas, especialmente correspondentes; menos disponibilidade para reunir material adicional que permita contextualizar os factos (Golding e Murdock, 1982).
As novas alterações estruturais da indústria mediática conduziram ao grande aumento do custo de produção, devido à necessidade de reconversão tecnológica; necessidade de grandes investimentos na área do marketing, promoção e publicidade, segmentação da oferta e instauração de uma concorrência feroz. (Cfr. Correia, 1997: 70). Verificam-se, na área da informação, necessidades crescentes de integração multimedia em outros sectores das indústrias culturais para potenciar as possibilidades de promoção recíproca e induzir retornos rápidos do investimento. Estas alterações traduziram-se numa luta desenfreada pelas audiências com o aumento das soft news e também numa redução significativa de custos em detrimento dos recursos humanos destinados a outro tipo de informação, assim como na concentração de um número maior de tarefas num número menor de trabalhadores. A questão que se levanta na integração em grandes cadeias e conglomerados tem a ver com o efeito que a necessidade de retorno de investimento tem sobre o jornalismo praticado. Quanto mais lucro, a firma exige, menos dinheiro disponível existirá para ser dispendido em jornalistas e cobertura noticiosa e mais delegações serão encerradas. Este tipo de políticas traduz-se ao nível jornalístico numa alteração dos géneros noticiosos, com um aumento da percentagem de soft news e de infotainment.

Contextos de mudança II (Síntese da aula anterior)

A Internet é, neste momento, o meio de comunicação que mais torna visível a convergência dos media, ou seja, a integração dos media num único suporte. A Internet, enquanto medium convergente, possibilita aos jornais a incorporação de recursos antes exclusivos das rádios e televisões, sem modificarem a sua essência, já que o texto mantém-se como o principal suporte da informação.Hoje conhecem-se mais detalhadamente as hipóteses que resultam da incorporação no jornal das possibilidades que resultam da sua natureza multimediática e interactiva. A leitura de um jornal digital conduzirá à integração de novos tipos de informação (textual, icónica e sonora), com maior capacidade de resposta e de personalização. Por outro lado, a introdução do multimédia transportará novas possibilidades que se poderão traduzir na quebra da sequencialidade.

Contextos de mudança (Síntese da aula anterior)

Quanto às alterações no sistema social, assiste-se à transformação das exigências colocadas aos profissionais de jornalismo por força de fenómenos como sejam a multiculturalidade ou o pluralismo social e cultural (Cfr. Deuze, 2008; Alsina, 1999);
Quanto às alterações no sistema político, intensifica-se uma adequação dos discursos tradicionais acerca dos assuntos públicos às necessidades organizacionais e às convenções narrativas dos mass media. A questão da legitimidade é, cada vez mais, uma questão comunicacional que se joga num espaço público altamente massmediatizado. Nunca as questões relativas às interfaces entre jornalismo e sistema politico despertaram tanto interesse nem foram tão decisivas, bastando para tal pensar nas polémicas desenvolvidas em torno da Guerra do Golfo ou da cobertura do terrorismo.
Quanto às alterações no sistema comunicativo, estas incluem:
A) Uma mutação generalizada das condições empresariais e tecnológicas em que se de desenvolve o mercado dos mass media.
B) A consolidação do modelo concorrencial de televisão e de radiodifusão em moldes cada vez mais agressivos e hegemónicos.
C) A emergência do webjornalismo, a aparição, por influência, da Internet de actividades designadas por «parajornalísticas» (ex: blogs);
D) A alteração radical das plataformas tradicionais de distribuição do conteúdos.
E) O surgimento do interesse público pelas condições de exercício do jornalismo manifesto em observatórios, onbudsman e outras organizações de vocação cívica.

domingo, 5 de outubro de 2008

Vários links sobre new journalism

Uma abordagem histórica;

Um texto interessante e esclarecedor (embora mereça reservas) sobre o novo jornalismo e uma forma bizarra de jornalismo que lhe é próxima chamada Gonzo Journalism. Ambos se relacionam com experiências sobre a interacção entre jornalismo e literatura.

Jornalismo de Precisão.

Sobre jornalismo de precisão ver este link.

Jornalismo Etnográfico

Sobre jornalismo etnográfico ver este link.

Mudanças no Jornalismo

Sobre mudanças no jornalismo ver este link.